Vivemos em uma era em que a
preocupação com os “direitos humanos” é essencial, mas, ao mesmo tempo, há uma
crescente cautela em relação a estabelecer limites e aplicar consequências.
Muitos jovens e adultos de hoje cresceram em ambientes onde as regras eram
frouxas e as consequências para suas infrações, inexistentes. Isso tem gerado
uma geração que desafia autoridades, encontra “jeitinhos” para tudo, e é
frequentemente apoiada por pais que, em vez de corrigir, defendem seus filhos,
independentemente de estarem certos ou errados.
Essa atitude parental é uma
mudança significativa em relação ao passado. Há algumas décadas, os pais
apoiavam as escolas e a disciplina que elas impunham. Hoje, muitas vezes,
adotam uma postura beligerante em relação aos professores e à administração escolar,
levando as instituições a cederem à pressão e contribuindo para a formação de
um ambiente de impunidade.
O resultado dessa condescendência
no lar é uma geração que não conhece limites, onde a ausência de punição é
confundida com demonstração de amor. Mas será mesmo que não corrigir os filhos
é uma forma de amá-los?
A Bíblia oferece uma perspectiva
diferente. Em Hebreus 12:4-7, lemos: “Ainda não resististes até ao sangue,
combatendo contra o pecado. E já vos esquecestes da exortação que argumenta
convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não
desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e
açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata
como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?”
Este texto nos ensina que a
correção é uma expressão de amor paternal. Deus, em Sua sabedoria e justiça,
corrige aqueles que ama, não para destruí-los, mas para guiá-los ao caminho
certo. A ausência de correção, por outro lado, não é um ato de amor, mas de
negligência. Assim como Deus corrige Seus filhos, os pais também têm a
responsabilidade de disciplinar seus filhos, não apenas para manter a ordem,
mas para moldar o caráter deles conforme os princípios da justiça e da
retidão.
O “Jeitinho Brasileiro” e a
Impunidade no Lar
Uma das manifestações mais comuns
da impunidade em nossa sociedade é o famoso “jeitinho brasileiro”. Muitas vezes
exaltado como uma característica cultural, o “jeitinho” é, na verdade, uma
forma de burlar regras para obter vantagens pessoais sem arcar com as devidas
consequências. Este comportamento, tão arraigado em nossa cultura, começa
dentro dos lares, onde as crianças observam e emulam as atitudes de seus pais.
A cientista social e política
Elis Radmann aponta que a principal causa da perpetuação desse comportamento
está na ausência de um direcionamento correto nos lares e na prática constante
de “jeitinhos” pelos pais. Ela afirma: “a luta contra o jeitinho deve começar
dentro das casas, com o reforço do caráter, com a orientação e com um exemplo
cotidiano.”
Quando os pais ensinam seus
filhos a burlar regras, seja furando fila, estacionando em vagas destinadas a
idosos ou ignorando limites de velocidade, eles estão, na verdade, perpetuando
uma cultura de impunidade. Esse comportamento não apenas viola as regras
sociais, mas também compromete o desenvolvimento moral e ético das crianças.
A Necessidade de Disciplina e
Exemplo
Assim como Deus disciplina Seus
filhos para moldá-los e protegê-los, os pais têm a responsabilidade de corrigir
seus filhos e estabelecer limites claros. A ausência de disciplina não é amor,
mas negligência, que pode resultar em uma geração que desconhece o valor da
justiça, da honestidade e do respeito pelas leis.
A disciplina, quando aplicada com
amor e sabedoria, não apenas corrige comportamentos inadequados, mas também
ensina lições valiosas sobre responsabilidade, ética e respeito ao próximo. Em
vez de perpetuar o “jeitinho brasileiro” e a impunidade, os pais devem ser
exemplos de integridade e justiça, ensinando seus filhos a seguir o caminho da
retidão.
Em conclusão, a correção de Deus,
como descrita em Hebreus 12, é um modelo que deve ser seguido por todos os
pais. Assim como Deus nos corrige porque nos ama, os pais devem disciplinar
seus filhos, não apenas para impor limites, mas para guiá-los no caminho da
justiça e da verdade. A luta contra a impunidade e o “jeitinho” deve começar
dentro de casa, com pais que estão dispostos a corrigir, ensinar e, acima de
tudo, amar verdadeiramente seus filhos.
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