Esse crescente interesse dos evangélicos por
satanás, demônios, espíritos malignos e o misterioso mundo dos anjos, nada mais
é do que o surto de misticismo e interesse no mundo atual pelos anjos, maus e
bons e pelo oculto.
Em matéria recente, “Charlie, A Brincadeirado Lápis – Continuação” escrevi que o seu crescimento se dá, em grande parte,
devido ao fascínio que os seus ensinos exercem sobre as mentes das pessoas
desprovidas do verdadeiro conhecimento, e alienadas de Deus.
É a mesma coisa em ambientes diferentes.
A preocupação, no entanto, no meio evangélico
se dá, pois nos locais onde ganhou a adesão de pastores e comunidades, produziu
um cristianismo em que a atividade satânica se tornou o centro e a razão de
ser. As doutrinas fundamentais da fé cristã são relegadas a segundo plano. Em
muitas igrejas já não são mais ensinadas e não fazem mais parte de sua
liturgia.
Resultado disso é que encontramos hoje um
cristianismo distorcido e deformado. Os ensinamentos de salvação pela fé
somente, mediante o sacrifício redentor, único e expiatório de Jesus já não tem
muita importância. A doutrina sobre Cristo, sua mediação e seu oficio, nem se
ouve falar. Nem tão pouco se fala sobre a queda, a depravação do homem, sobre a
santificação progressiva mediante os meios da graça, tudo isso é negligenciado.
A igreja cresceu em números, mas foi somente
a igreja caricaturarizada que alcançou de forma generalizada a alma do
brasileiro. “Tá amarrado”, “O sangue de Jesus tem poder”, “A paz...”. São
coisas que foram absorvidas pela sociedade e hoje fazem parte da cultura. A
questão é que o que foi absorvido por essa alma nacional foi o pior que as
igrejas evangélicas podiam mostrar.
O movimento de “Batalha Espiritual” produziu
muitas igrejas cujo seu principal ministério é a expulsão de demônios e a
libertação de crentes e descrentes da opressão de demônios. Pois para eles toda
opressão é do diabo.
E verdade que no Brasil há um grande número
de pessoas convertidas que vieram de um passado no espiritismo e também da
umbanda. Mas segundo a Bíblia nos ensina Satanás não tem mais nenhum poder ou
direito sobre eles, pois suas dividas foram removidas pelo sangue de Jesus na
cruz: “Pois vocês sabem o preço que foi pago para livrá-los da vida inútil que
herdaram dos seus antepassados. Esse preço não foi uma coisa que perde o seu
valor como o ouro ou a prata. Vocês foram libertados pelo precioso sangue de
Cristo, que era como um cordeiro sem defeito nem mancha” (1 Pedro 1. 18, 19). Todos
os pactos, acordos, votos e trabalhos que foram feitos com demônios são
anulados na vida daquele que crer.
O que os ensinamentos do movimento da “Batalha
Espiritual” faz é essa verdade parecer ilegítima. Pois uma de suas tendências é
adicionar a quebra de maldições hereditárias e de se anular compromissos que
ficaram pendentes com o diabo.
Esse movimento ensina que herdamos maldições
de nossos antepassados e que precisamos anular essas maldições. Mas o que a
Bíblia nos ensina é que toda retribuição divina sobre os que aborrecem a Deus
são anuladas no momento em que estes filhos se arrependem de seus próprios
pecados, e os confessam a Deus.
O texto usado por eles para defesa de seus
argumentos é o de Êxodo 20.5, em que Deus ameaça visitar a maldade dos pais nos
filhos até a terceira e quarta geração dos que aborrecem a Deus. Mas do mesmo
modo, a Bíblia nos diz que se um filho de um pai idólatra e adultero olhar para
essas obras más e se arrepender, e vir a temer a Deus, nada do que o seu pai
fez cairá sobre ele.
A mensagem do profeta Ezequiel tem ênfase neste
assunto. O povo de Israel reclamava a Deus usando um provérbio da época que
dizia: “Os pais comem uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotam?” (Ezequiel
18:2b). Todavia Deus os repreendeu, através do profeta Ezequiel: “Pois todos me
pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que
morrerá” (Ezequiel 18:4), e ainda: “Contudo, vocês perguntam: ‘Por que o filho
não partilha da culpa de seu pai?’ Uma vez que o filho fez o que é justo e
direito e teve o cuidado de guardar todos os meus decretos, com certeza ele
viverá. Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem
o pai levará a culpa do filho” (Ezequiel 18. 19, 20).
Esses textos nos ensinam que a conversão e o
arrependimento quebram, anula, na existência de uma pessoa, a maldição
hereditária.
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