O sol se apagava a
medida que nuvens grandes, escuras e carregadas cruzavam o céu. Uma tempestade
estava a caminho.
Dentro do shopping,
uma velhinha, vestida com um vestido estampado, tocou na mão de um jovem. Seu
semblante era de medo.
Quando o jovem
olhou para ela irritado, numa voz baixa, mas firme, ela pediu que ele a
ajudasse a ir até o ponto de ônibus. Explicou que estava com medo que a
tempestade caísse logo e na sua idade ela passaria por dificuldades. Queria ir
para casa, onde poderia se sentir segura.
“Sinto muito, mas
não posso” – foi a resposta que o jovem lhe deu. Em seguida saiu apressado,
entrando numa loja de cd, esquecendo a velhinha no mesmo instante.
Ele olhou os
títulos e achou aquele que estava procurando. Quando se aproximou do caixa pôde
ouvir a jovem do outro lado falando ao telefone e ela dizia: “tudo o que vós
quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles” (Mateus 7. 12).
Após um tempinho
ela desligou o telefone e sorriu olhando para ele. Enquanto fazia seu serviço
teceu um comentário de como a mundo está cruel, de como as pessoas não se
importam mais com aqueles que já fizeram tanto nesta vida. Falou em poucas
palavras de atitudes de pessoas que pensam está fazendo a bondade. Mas não
estão. Disse que tudo é somente uma bondade aparente. O que se encontra são
pessoas desfrutando de uma caridade exteriorizada somente nas aparências. Pois
para aquele que a pratica na verdade, o faz sem amor. E citou um verso bíblico
para aquele jovem: “E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento
dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse
amor, nada disso me aproveitaria” (1 Coríntios 13. 3).
O jovem teve de
engolir em seco para desfazer um nó na garganta. Ele sentia-se como se aquela
mensagem tivesse sido direta para ele.
Ele teve a
oportunidade de fazer o bem e não fez, não tinha feito àquela senhora aquilo
que ele gostaria que alguém fizesse a ele. Tinha sido egoísta e pensado só em si.
Apenas para comprar um cd, pois afinal, aquela senhora não representava nada
para ele.
Sentiu a
necessidade de recomeçar. Pagou o valor do objeto e saiu da loja procurando por
aquele vestido estampado. Pois sentia uma grande mágoa por não ter prestado
atenção àquela senhora.
Percorreu o olhar
em volta, havia muitas pessoas ali, umas entrando e outras saindo do shopping.
Pensou que provavelmente seria para se esconder da chuva.
Finalmente ele
avistou aquele vestido estampado, a senhora estava sozinha, encostada à parede.
Parecia triste. Apressadamente ele caminhou até ela: “Ah, a senhora está aí”,
ele lhe disse. “Vou ajuda-la”.
Ela ergueu os olhos
espantada. Mas logo seu rosto se iluminou com um sorriso.
O jovem chamou um
taxi que parou bem próximo deles. Deu instruções ao motorista e a senhora
entrou. O taxi partiu no exato momento em que uma forte ventania se iniciava.