“E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei
em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os
regou e com seus cabelos os enxugou”.
Quando os sentimentos não são levados
em conta, o comportamento se apressa e se exibi de forma defensiva. Mas para
aqueles que estão acima das idéias e conhecimentos ordinários, o transcender o
leva para um limite mais elevado, quase metafísico.
A ordinariedade nos faz agir como
Simão, juízes representantes e preservadores de nós mesmos. Com um medo
infundado devido a um preconceituoso pensamento equivocado. Que descarta do outro
qualquer possibilidade de dignidade e direito de atenção.
Para quem está no processo de
aprendizagem, adquirindo novos hábitos, esperando ter a oportunidade de mostrar
que seu comportamento está sendo transformado, faz como a mulher. Vai até os
pés de Jesus e chora. Sem se importar com a reputação, aquilo que os outros
pensam dela. O que lhe importa é a dignidade, aquilo que ela sabe que é certo
fazer. Ela sabe que só podemos mudar quando queremos mudar.
Aquilo que sou, minha personalidade,
meu caráter, está ligado à minha percepção do mundo e de mim mesmo. E essa
percepção que tenho de mim e do mundo intervém no meu relacionamento com Deus e
com o ser humano, na minha espiritualidade e a maneira como eu a vivencio.
Numa experiência missionária de três anos
junto a adolescentes de onze a dezessete anos, tive a oportunidade de encontrar
jovens sem sonhos prá sonhar, jovens sem perspectivas de vida, de escola, de
trabalho; jovens que utilizam seu tempo, perdendo tempo nas drogas, na
prostituição, no crime; jovens que vêem seus sonhos se desmoronar ao tentar
construir um mundo de felicidade, num curto momento de prazer; jovens que
correm e jovens que param, jovens que rir e jovens que choram; jovens moços e
moços velhos. Jovens que já viveram muito, que já sentiram de tudo. Jovens
livres e jovens escravos. Jovens com lindas histórias prá contar, mas outros
que são simplesmente um livro aberto, mas sem histórias. Jovens que amam e
jovens que já perderam a crença no amor. Muitos com pensamentos ordinários. Outros
com sonhos de um dia conseguir encontrar um momento de paz. A maior parte deles
sem saber que a escolha que fazemos em nossa vida, vai determinar nossa
vitória.
Nesse instante, posso ser o que eu
quero ser e fazer o que eu quero fazer ou, me conformar em ser o que eu não
quero ser e fazer o que não quero. Meus impulsos irão despertar os meus
desejos, os meus desejos me farão ter sentimentos que me motivarão a agir,
tomar uma decisão. Estando essas decisões certas ou erradas, o que acontecerá é
que começaremos a buscar justificativas em nossa mente para aquilo que estava
antes em nosso coração. E por isso muitas vezes vemos nossos sonhos se
desmoronar. Por que enganoso é o coração.
Pessoas que possuem facilidade de
falar sobre o que realmente estão sentindo, apresentam alto grau de
transparência. E pessoas transparentes trans-parecem seu verdadeiro estado
interior, mantém coerência, falam e demonstram com o corpo o que está dentro
delas.
Foi o que fez a mulher. Não pensou na
má fama que lhe era imposta. Não se preocupou com o conceito que fariam de sua
atitude. Simplesmente se posicionou acima de todas essas questões, se envolveu
com seus anseios e sem se esconder, partiu para a ação, e foi fortalecida.
Naquele instante ela aprendeu que
Deus podia se relacionar com ela, que poderia através dela se relacionar com
outras pessoas e trazer para Deus aqueles que estão distantes d’Ele.
“Eu afirmo a você, então, que o
grande amor que ela mostrou prova que os seus muitos pecados já foram
perdoados. Mas onde é pouco perdoado, pouco amor é mostrado” (Lucas 7. 47 –
BLH).
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