Lidar com perdas é
sempre difícil. Mesmo quando se trata apenas de um animalzinho de estimação. No
dia 10 de março. O nosso cãozinho de raça lhasa
morreu. Foram muitos anos de aventuras juntos dele, e meus filhos cresceram
brincando com ele e, muitas vezes ele me acompanhou no carro, quando eu ia buscá-los
na escola.
Esse fato, no
entanto me fez lembrar um personagem bíblico. Pode parecer bobagem, mas é
verdade.
O nome desse
personagem é Jonas. Alguém que ficou imensamente desapontado com Deus por Ele
ter deixado morrer uma planta.
Veja o diálogo
entre os dois:
“Mas Deus disse a
Jonas: "Você tem alguma razão para estar tão furioso por causa da planta?"
Respondeu ele: "Sim, tenho! E estou furioso a ponto de querer
morrer". Mas o Senhor lhe disse: "Você tem pena dessa planta, embora
não a tenha podado nem a tenha feito crescer. Ela nasceu numa noite e numa
noite morreu”. (leia toda a história em: Jonas 4.4-11).
Entendeu a razão de
Jonas ter ficado desapontado quando Deus decidiu não mais destruir Nínive?
Então vejamos: A
princípio Jonas nem quis partir naquela missão, embarcou em um navio no porto
de Jope e seguiu na direção oposta.
Nínive ficava na
Mesopotâmia. Foi uma cidade muito importante do Império Assírio. Foi destruída
em 612 antes de Cristo. Ficava às margens do rio Tigre, na região norte da
Mesopotâmia. Observe agora o detalhe: Em linha reta, Nínive não era menos do
que 1.000 quilômetros de Jope - atual Tel Aviv.
Jonas queria ou não
ficar longe de Nínive?
Alguns fatos
interessantes sobre a historicidade do Livro de Jonas.
Esse livro não é um
livro histórico, como acontece com o Livro de Atos dos Apóstolos, não conta
fatos verdadeiramente acontecidos. Nínive já tinha sido destruída quando a
história foi escrita. Além do mais, a conversão de toda a cidade, como contada
pela Bíblia, teria deixado documentos escritos, pois aquela zona e o período
assírio são ricos de documentação extra-bíblica. Além disso, o estilo do livro
é irônico e não combina em nenhum modo com o estilo da história.
Mas isso não é
motivo para ninguém perder a fé. Se isso acontecer... Misericórdia. – Sugiro estudar mais ou fazer um Curso de Teologia.
Penso que podemos
dizer que Jonas é uma figura do homem orgulhoso de sua religião e fidelidade.
Para ele pregar a destruição de Nínive era fácil.
(Assim como
acontece com muitos crentes que gostam de pregar que está todo mundo no inferno).
Mas quando Deus
agiu em graça, Jonas não gostou nem um pouco, porque mexeu com o orgulho dele.
Se Deus estava perdoando aquele povo tão ímpio só porque se arrependeram, de
que adiantava viver em obediência a Deus? Esse era pensamento de Jonas.
(É também o de
muitos crentes, que pensam que pelo fato de viverem dentro da igreja, são mais
dignos do que outros).
“Agora, Senhor,
tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver”
(Jonas 4.3).
A cidade de Nínive
arrependeu-se depois de ouvir a pregação de Jonas. Ele não gostava dos
ninivitas, e não os consideravam dignos da misericórdia de Deus. Ele os julgou.
Foi preciso Deus tratar com ele, e o colocar de volta no caminho.
Que lições podemos
tirar desse fato com Jonas?
"Vão pelo
mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas” (Marcos 16.15). É o que
Jesus disse para aqueles discípulos no seu tempo, mas, que ainda é válido para
nós.
Isso significa que
o amor é uma dívida que jamais poderemos pagar completamente. Mas o Senhor nos
diz que é para amarmos ao nosso próximo e até mesmo os nossos inimigos: “Eu,
porém, digo: Amem os vossos inimigos. Bendigam os que vos maldizem. Façam o bem
aos que vos odeiam. Orem por quem vos persegue! Assim procederão como
verdadeiros filhos do vosso Pai que está no céu. Porque ele faz brilhar o Sol
tanto sobre os maus como sobre os bons, e manda a chuva cair tanto sobre justos
como injustos” (Mateus 5. 44,45).
Eu quero
compartilhar três lições que aprendemos com essa história de Jonas:
1)
O amor é prova também do genuíno
serviço: "Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?
Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas
ovelhas" (João 21.16).
2)
O amor prova ainda a realidade da nova
vida: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os
irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte." (1 João 3.14).
3)
O amor prova o amor, isto é, o amor é
prova do amor fraternal: "Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu
irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar
a Deus, a quem não viu?" (1 João 4.20).
Para concluirmos:
Encontramos muitos
meninos e meninas querendo mostrar a prova do seu amor. Muitas vezes entram em
grandes enrascadas. E a maioria das vezes quem pede uma prova, só mostra o seu
egoísmo ou sua insegurança. Pedir uma prova de amor é uma manipulação das
emoções e dos sentimentos, algumas vezes é um sequestro, pois priva o outro de
sua liberdade.
Deus dá uma lição
em Jonas no último capítulo de seu livro, mostrando o quanto o seu coração era
mau por estar mais preocupado com a saúde de um pé de abóbora do que com a
população inteira de Nínive, pessoas e animais.
O interessante é
que séculos mais tarde outro homem também estava em Jope, e era resistente à
ideia de Deus salvar os gentios, aqueles que não eram judeus, por graça
somente, colocando-os em pé de igualdade com os judeus. Esse homem era Pedro, e
foi em um terraço em Jope, que Deus falou com ele e o preparou para a visita a
Cornélio, o primeiro gentio a ser recebido na recém-criada Igreja. Esta
história você encontra em Atos 10.
Então é isso. O
amor deve mover o coração da Igreja. Se assim não for, a igreja está errando em
seu propósito.
O amor deve ser a
mensagem da Igreja, se ao invés disso prega prosperidade (aquisições de bens,
por exemplo), a igreja está errando no seu propósito.
Deus o abençoe.