Malaquias 3.8-10 tem sido usado como a base
daqueles que querem trazer o dízimo para o Novo Testamento, pois do contrário
você será amaldiçoado.
Será isso verdade?
Leia o que diz o apóstolo Paulo: “Cristo nos
redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar, pois está
escrito: "Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro". Isso
para que em Cristo Jesus a bênção de Abraão chegasse também aos gentios, para
que recebêssemos a promessa do Espírito mediante a fé.” (Gálatas 3.13,14).
Quando lemos Malaquias 3.8-10 perguntamos:
“Para quem Deus está falando estas coisas?”. A resposta é: “Para o povo de Israel.”
Há todo um contexto no livro de Malaquias que
deve ser levado em conta e do qual os pregadores não falam. A questão
principal no livro de Malaquias é a desobediência do povo, que não cumpria
aquilo que era determinado pela Lei.
Dificilmente algum líder fala das demais
desobediências. Mas elas também são frequentes em nossos dias.
São quatro as sentenças que Deus dá ao povo
neste livro e da qual a maldição sobre os dízimos e as ofertas é apenas uma
delas.
Para entendermos melhor leia o texto:
"Lembrem-se da lei do meu servo Moisés, dos decretos e das ordenanças que
lhe dei em Horebe para todo o povo de Israel.” (Malaquias 4.4).
Uma das ordenanças que o texto fala é o
dízimo. O pagamento do dízimo. Pois o dízimo era pago para a tribo de Levi,
fazia parte do culto. E o povo não estava levando o dízimo. Não estava levando à casa do tesouro.
A casa do tesouro era o lugar onde ficavam as
ofertas para serem queimadas, e também, onde ficavam as ofertas para o sustento
da tribo de Levi.
Se o povo obedecesse essa Lei, conforme o
texto: “Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em
minha casa. Ponham-me à prova", diz o Senhor dos Exércitos, "e vejam
se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos
que nem terão onde guardá-las.” (Malaquias 3.10). Deus prometia abençoar o povo.
Usar Malaquias 3.8-10 para justificar o
dízimo no Novo Testamento é um erro. O contexto do livro é todo voltado para o
povo de Israel. E usar esse texto para amedrontar os fiéis é muita maldade.
Então o que obedecer do Velho Testamento e no
Novo Testamento?
A maior dificuldade da maioria dos líderes é
contextualizar a Bíblia. Trazer sua mensagem para os nossos dias. A maioria
prefere ficar num sistema religioso opressor.
Para dar base as suas afirmações sobre o
dízimo no Novo Testamento, dois textos são os favoritos, são eles: Mateus 23.23
e Hebreus 7.
Vejamos então: “Ai de vocês, mestres da lei e
fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas
têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a
misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir
aquelas.” (Mateus 23. 23).
O Senhor Jesus está pedindo o dízimo hoje? Ele
está dando uma ordem? Está decretando algum mandamento? Para todas as perguntas
a resposta é: Não!
Este pronunciamento de Jesus não constitui um
mandamento, o que Ele está fazendo é repreender os escribas e fariseus
hipócritas que estão dando o dízimo, estão seguindo o ritual religioso,
seguindo a lei, mas estão negligenciando o que é mais importante e que também
são concernentes a lei, que são: a justiça, a misericórdia e a fé.
Portanto Mateus 23.23 não pode ser utilizado
para sustentar como base a petição do dízimo.
Outro texto muito utilizado para sustentação
da argumentação sobre o dízimo é o texto de Hebreus.
Leiamos: “A lei requer dos sacerdotes dentre
os descendentes de Levi que recebam o dízimo do povo, isto é, dos seus irmãos,
embora estes sejam descendentes de Abraão.” (Hebreus 7.5).
Isso nos mostra que dar dízimo é parte da lei
de Moises, destinado aos israelitas. Estamos nós sobre a lei de Moises?
Vejamos o que diz o livro Atos: “Por meio
dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam
ser justificados pela lei de Moisés.” (Atos 13.39).
Na era de Cristo, ou seja, da Graça, não
podemos ser justificados pelas leis de Moises. Na era de Cristo o que nos
justifica é crer em Cristo.
Hebreus 7.12, nos mostra o seguinte: “Pois quando
há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei.” (Hebreus
7.12).
Portanto há uma mudança na lei.
O que encontramos em Hebreus 7, é uma
argumentação que o autor faz em relação a um acontecimento citado em Gênesis 14.
O autor não escreveu isso para ratificar o dízimo, mas para provar a
superioridade de Jesus.como sacerdote, acima de Levi, acima de Arão.
Portanto, este texto também não serve para
sustentar a tese do dízimo.
Então quem paga o dízimo hoje? Por causa
disso ninguém não precisa pagar mais nada?
É justamente neste ponto que falta
sinceridade e verdade por parte dos pastores e líderes. Pois enquanto mordomos de Deus, e com coração
voluntário, cheio de amor e de gratidão somos constrangidos a dar. Ser
constrangido é ser levado a fazer algo.
É isso que encontramos no Novo Testamento,
como por exemplo:
Lucas 8.1-3 – Aqui encontramos algumas
mulheres que ajudavam financeiramente o ministério de Jesus. Elas agiam
voluntariamente. Não por medo de maldição ou por ameaça.
Filipenses 4.17,18 – Paulo tinha um sistema de
oferta para ajudar na obra ministerial dos apóstolos, e para ajudar nas
necessidades de uma comunidade.
2 Corintios 8 – Esta carta de Paulo nos
ensina como o povo de Deus se organizavam e participavam com ofertas de generosidade,
com alegria, movidos pelo amor. Eles eram voluntários. Aspectos que nada
equivalem à lei do Antigo Testamento e suas maldições.
No Novo Testamento o povo serve a Deus com
liberdade, com alegria, constrangidos pelo amor, atraídos com amor.
Eles se dão voluntariamente porque entenderam
a Cristo, entenderam a sua obra e sabem que essa obra deve alcançar mais
pessoas, então doam totalmente sem nenhum tipo de pressão (2 Coríntios 5.14).
Sem nenhum medo de ameaça com gafanhoto,
migrador, cortador, furtador e companhia.
No Novo Testamento tudo é uma questão de
coração, de amor: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar
ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9.7).
Conforme a largueza do seu coração, conforme
a voluntariedade do seu coração, conforme a sua compreensão do amor recebido e
conforme sua gratidão: “Portanto, eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram
perdoados, pelo que ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco
ama." (Lucas 7.47).
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