Alguns pregadores adotaram a prática de
ensinar aos seus seguidores a retirar de seus cardápios algum
alimento de sua predileção por um breve período de tempo, quando não é o alimento, é alguma coisa que ele julga está escravizando seu seguidor. Como por exemplo,
tirar o refrigerante, a televisão, o celular, a internet e outras coisas.
Biblicamente, o jejum é a abstinência total,
e algumas vezes parcial, de alimentos para a dedicação à oração, exame da alma
e a comunhão com Deus.
Às vezes era também usado como expressão de
quebrantamento, de tristeza e de arrependimento diante de Deus.
No Velho Testamento havia dias específicos de
jejum na religião dos judeus. Havia época de a nação inteira ficar de jejum
dois ou três dias, onde o povo afligia a sua alma diante de Deus e se
arrependiam de seus pecados. Renovando assim a sua aliança com Deus, e tendo
como propósito o viver para Ele.
Ainda no Velho Testamento encontramos vários
juízes, sacerdotes e reis chamando a nação, pedindo que jogassem fora os
ídolos, pedindo que se arrependessem e voltassem para Deus. O jejum fazia parte
da evidência do arrependimento e da dependência de Deus.
Portanto o objetivo do jejum é mortificar a
nossa carne, quebrar os nossos desejos, elevar o nosso espírito, e nos
entristecer diante de Deus. Esse é o propósito do jejum, e no Velho Testamento
era através da prática desse exercício que o povo se apresentava diante de
Deus.
Mas como eu disse no início desse post, os pregadores atuais tem
distorcido essa prática, fazendo da forma errada e pelo motivo errado.
Prometendo coisas, que Jesus não prometeu, através do jejum, como se o jejum em
si fosse uma coisa mística. Uma espécie de talismã ou garantia de benção.
Fazendo Deus parecer um escravo do seu pedido.
Mas isso não é algo novo, pois já no Antigo
Testamento, alguns já usavam erradamente o jejum. O que os pregadores atuais
estão fazendo é copiar esses erros e repassar para os membros de suas igrejas.
O aprendemos nas Escrituras é que se
o jejum for só ficar sem comer, não tem nenhum valor espiritual. Pois se o jejum
não for acompanhamento de uma atitude correspondente, ele não tem valor algum.
Não valerá absolutamente nada!
E quais são essas atitudes correspondentes?
Nós já falamos sobre elas anteriormente. São elas: quebrantamento,
arrependimento, confissão de pecado, humilhação diante de Deus, tempo de
oração, e dedicação a Ele. Em outras palavras, é um tempo para se alimentar de
Deus.
No livro de Isaías 58, o povo se chega a Deus
perguntando por que ele não respondia, uma vez que eles estavam jejuando. Questionavam
por que eles afligiam sua alma e Deus não levava em conta. Por que oravam e Deus
não respondia. E ainda por que os inimigos estavam se aproximando e Deus permitia.
A resposta de Deus ao povo, através do
profeta Isaías foi esta: “Será esse o jejum que escolhi, que apenas um dia o
homem se humilhe, incline a cabeça como o junco e se deite sobre pano de saco e
cinzas? É isso que vocês chamam jejum, um dia aceitável ao Senhor?” (Isaías 58.5).
O que
se tem ensinado atualmente é isso, ficar sem comer durante alguns dias, se
humilhe durante algumas horas, e nada mais.
Mas Isaías diria ainda mais ao povo, ele disse:
"O jejum que desejo não é este: soltar as correntes da injustiça, desatar
as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é
partilhar sua comida com o faminto, abrigar o pobre desamparado, vestir o nu
que você encontrou, e não recusar ajuda ao próximo?” (Isaías 58.6,7).
Para encerrarmos por aqui, apesar de ter
muita coisa ainda para serem ditas, mas para esse momento é o suficiente,
Isaías diz mais um pouco por parte de Deus, ele diz: “Aí sim, a sua luz
irromperá como a alvorada, e prontamente surgirá a sua cura; a sua retidão irá
adiante de você, e a glória do Senhor estará na sua retaguarda. Aí sim, você
clamará ao Senhor, e ele responderá; você gritará por socorro, e ele dirá: Aqui
estou. "Se você eliminar do seu meio o jugo opressor, o dedo acusador e a
falsidade do falar; se com renúncia própria você beneficiar os famintos e
satisfizer o anseio dos aflitos, então a sua luz despontará nas trevas, e a sua
noite será como o meio-dia. O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus
desejos numa terra ressequida pelo sol e fortalecerá os seus ossos. Você será
como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam.” (Isaías 58.8-11).
O jejum não é algo para ser trocado com Deus
para ser abençoado. Ele em si não tem poder algum. Mas, é uma prática de expressão de arrependimento e dependência de Deus, que logo depois é refletida na
atitude com o próximo.
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