“Pois vocês são salvos pela graça, por meio
da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Efésios 2. 8).
No ponto de vista de Agostinho, e também de
Calvino, o homem está totalmente desabilitado pela queda. Ficando assim
completamente dependente de Deus para o início e desenvolvimento da vida
espiritual.
Embora as Escrituras declarem que o homem é,
por natureza, espiritualmente morto perante Deus, e totalmente incapaz de se
arrepender dos seus pecados, nas igrejas ele é exortado a levantar a mão, ir à
frente, aceitar a Cristo e fazer uma decisão. Depois disso ele é considerado
salvo.
Para os moldes do século 21 o homem está
muito confiante de si e na sua própria capacidade. Isso é consequência de
muitos pregadores que apresentam o Evangelho de tal forma que o homem só
precisa fazer certas coisas para se tornar um autêntico cristão.
Porém precisamos entender que a inabilidade
não significa a perda de qualquer faculdade da alma intelecto, sentimento,
vontade ou consciência. Não significa também a perda do livre arbítrio. Nem tão
pouco significa que o homem caído não possua virtudes. Os homens caídos e sem o
novo nascimento muitas vezes apresentam qualidades admiráveis.
A inabilidade não significa falta de
capacidade para conhecer a Deus e receber a graça.
Mas a situação do homem diante de Deus é
profundamente calamitosa e só Deus na Sua graça e misericórdia pode
solucioná-la: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair”
(João 6. 44).
O que a mensagem moderna tem ensinado é bem
diferente daquilo que as Escrituras mostram. Pois somente uma ação poderosa do Espírito
Santo no íntimo do pecador pode salvá-lo.
O que podemos aprender com a Doutrina da Inabilidade?
Aprendemos que o homem caído é incapaz de
guardar a lei de Deus e merecer a vida pelas suas obras: “Pois vocês são salvos
pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por
obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2. 8,9).
Aprendemos também que o homem é incapaz de
restaura-se a si mesmo no favor de Deus: “a mentalidade da carne é inimiga
de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado
pela carne não pode agradar a Deus” (Romanos 8. 7,8).
Aprendemos que o homem é incapaz de mudar a
sua natureza, regenerar-se a si mesmo e tornar-se santo: “Digo-lhe a verdade:
Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo” (João 3. 3); “O que
nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (João 3. 6).
Aprendemos que o homem é incapaz de nutrir um
sentimento correto ou inclinação para com Deus: “Não que possamos reivindicar
qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem
de Deus” (2 Coríntios 3. 5).
Aprendemos que esta inabilidade foi
auto-adquirida pela raça, constituindo, portanto, culpa: “deu-nos vida
juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela
graça vocês são salvos” (Efésios 2. 5); “Pois, quem torna você diferente de
qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu,
por que se orgulha, como se assim não fosse?” (1 Coríntios 4. 7).
Então o que o homem pode fazer em relação a
sua salvação?
Primeiramente ele pode ouvir a mensagem de
Deus a cerca de si mesmo e aprender a verdade acerca de sua pecaminosidade e
inabilidade.
Em segundo, ele pode examinar a perfeição de
Deus e descobrir quão longe está de tê-la cumprido.
Em terceiro, o homem pode experimentar
obedecer a essa lei, o que ainda mais o convencerá de sua inabilidade.
Em quarto, ele pode aprender que não há
esperança para ele sem a graça divina.
Em quinto, ele pode apelar para Deus a fim de
fazer a obra que ele não pode fazer por si mesmo: “Cria em mim um coração puro,
ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável” (Salmos 51. 10).
Mas até mesmo essa atitude revela a graça de
Deus agindo em seu coração.
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