Muitas vezes somos
frustrados em nossos sonhos, em nossas aspirações, em nossos anseios. Naquilo
em que depositamos nossa esperança.
Quando isso
acontece começamos a perder a confiança nas pessoas. Deixamos de acreditar na
bondade, no amor, na caridade do indivíduo no contexto humano.
É quando a vida
perde a razão de ser, quando se começa a viver apenas por viver. Quando nossa
casa passa a ser um lugar de refúgio, um lugar para se esconder de pessoas que
procuram resolver os nossos problemas, enquanto elas próprias estão cheias de
valores reprimidos. Algumas pessoas podem até escutar, mas não conseguem
entender a nossa luta.
É quando tudo que
fizemos na nossa boa intenção de ajudar parece não ter valido a pena. E surge
dentro do peito uma amargura que faz naufragar até mesmo a nossa fé.
Na narrativa
bíblica de Lucas, encontramos dois personagens que se assemelham bastante com a
realidade daquilo que muitos cristãos vivem hoje em dia.
É final de domingo,
dois discípulos caminham angustiados, frustrados, se sentindo abandonados,
órfãos, como alguém que tinham sido enganados, pois haviam colocado todas as
suas esperanças na pessoa de Jesus.
Eles haviam nutrido
a esperança, como também toda aquela comunidade de discípulos que seguiam Jesus
que quando chegassem em Jerusalém, o
reino de Deus seria implantado. Que aconteceria um milagre e todos entenderiam
que Deus havia se manifestado no meio do povo. Que toda uma ordem de coisas
iria acontecer.
Mas o que parece
ser frustrante é que essa expectativa era só deles. Não era a de Jesus. Não
fazia parte daquilo que Jesus planejava.
Muitas vezes
criamos perspectivas erradas porque não ouvimos o que está sendo ensinado.
Quando deixamos que nossas emoções nutrem nossas esperanças baseando-se em
nossos próprios desejos.
O que Jesus havia
ensinado era que Ele seria perseguido, maltratado, humilhado, crucificado,
morto e que ressuscitaria ao terceiro dia. Mas suas mentes não estavam voltadas
para isso. Suas mentes estavam fechadas para a realidade. O que eles queriam
era a realização de um sonho. Naquilo que o coração queria. Aquilo que todo
coração humano quer. Um lugar onde a felicidade possa nos alcançar.
O ser humano vive
numa busca constante para se alcançar a felicidade. Projetam seus sonhos nas
coisas mais insustentáveis. Coisas como carreira, dinheiro, sexo, status. Outras
vezes na sua família, no seu emprego, no cônjuge, nos amigos, coisas que de uma
hora para outra pode se acabar. Pois alguém pode morrer, pode haver uma
demissão. Alguma coisa pode acontecer e aquele laço de esperança e segurança
ser rompido.
Os discípulos
tinham depositado sua confiança na pessoa certa. Mas, haviam interpretado as
coisas dentro de suas próprias perspectivas.
Quando se depararam
com a realidade, sua fé naufragou, uns fugiram, outros negaram, outros ficaram
mudos, quietos diante dos fatos. E outros ficaram com raiva de Deus. Magoados,
machucados, tristes.
Muitas pessoas
sentem-se assim em nossos dias, magoadas, machucadas, tristes.
Os dois discípulos
do texto saem com essa amargura no peito. Com uma dor enorme, uma
incompreensão.
Sentem como quem
deixou tudo para trás por uma grande causa, e essa causa não valeu a pena.
Quando encontraram
Jesus pelo caminho, suas mentes não estavam preparadas para reconhecer Jesus.
Não podiam ter uma aceitação imediata, Ficou aquela sensação de: “parece, mas
não é”.
Só depois de Jesus
lhes dá a última notícia: “as portas da tumba se romperam e eu saí ressuscitado
de entre os mortos”. É que Eles entenderam toda a realidade dos fatos: “Então
lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24. 45).
Para você que se sente assim, como
esses dois discípulos que caminhavam para Emaús, eu sugiro fazer a seguinte
oração: “Senhor,
ajuda-me a ver a Tua graça em todos os lugares, mesmo naqueles que estão sem
graça”.
O
que precisamos é ter uma perspectiva real dos fatos.
Jesus
certa vez disse aos discípulos: “Contudo, não vos alegreis porque se vos
submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos
nos céus” (Lucas 11. 20).
O
apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: “e ele me disse: A minha graça te basta,
porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me
gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de
Cristo” (2 Corintios 12. 9).
A
graça de Deus está mesmo nos momentos que parecem ser os mais desanimadores. Os
mais angustiantes, os mais desesperadores.
Quando
aprendemos a ver a graça de Deus mesmo nos lugares mais sem graça. A graça nos
envolve nos fazendo ser mais que vencedores (Romanos 8. 37).
“Senhor, ajuda-me a ver a Tua graça em
todos os lugares, mesmo naqueles que estão sem graça”.
Ouça a mensagem: