Não há texto mais importante que tenha sido
grafado em qualquer língua ou em qualquer lugar do que “Os Dez Mandamentos”.
Esse texto se encontra no livro de Êxodo capitulo 20, dos versos 1 ao 17.
Não tem como falar em ética cristã que não
seja a ética revelacional, isto é, fundamentada na revelação. Os Dez
Mandamentos são muito além do que simples regras de conduta, eles são
princípios universais e eternos de vida espiritual.
O Senhor Jesus nos ensinou a interpretação
desses mandamentos como sendo o amor que devemos ter a Deus e ao próximo,
conforme lemos nos livros de Deuteronômio 6. 5 e Levítico 19. 18.
O que nos ensina os três primeiros
mandamentos?
Primeiramente o texto nos diz: “Não terás
outros deuses diante de mim” (Êxodo 20. 3) - Isso nos ensina a dedicação única
e exclusiva a Deus. Ele é nosso bem supremo, nossa comunhão deve ser com Deus. Esta
comunhão deve ser de mente, coração e vontade: “Respondeu Jesus: "Ame o
Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu
entendimento”” (Mateus 22. 37).
Esta comunhão é aquela que nos faz agir
segundo os ensinamentos do Pai, e viver o amor a Deus ensinado por Jesus. Esta
dedicação única e exclusiva a Deus implica um esvaziamento do “eu” e suas
pretensões. É preciso que o grão morra para produzir muito fruto (João 12. 24).
É preciso perder a vida para encontrar a vida espiritual dependente daquele que
tem vida em si mesmo. (Mateus 10. 39; 16. 25, 26; Lucas 17. 33).
Em segundo, o texto nos ensina: “Não farás
para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou
nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás
culto, porque eu, o Senhor, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos
pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me
desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e obedecem
aos meus mandamentos” (Êxodo 20. 4-6) - Ensina-nos o princípio da correta
adoração, o caminho para a comunhão com Deus. Depois da comunhão em amor com
Deus, nada é mais importante para o ser humano do que evitar a idolatria, que o
afasta de uma genuína comunhão. Idolatria significa colocar algo no lugar que
só poderia ser ocupado por Deus, no centro da devoção, nossa atenção, nossa
confiança e nosso amor. Jesus chegou a dizer que: “Quem ama seu pai ou sua mãe
mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do
que a mim não é digno de mim” (Mateus 10:37).
Jesus nos ensina que, muito além de condenar
o uso de ídolos de pau e pedra, esse princípio condena as idolatrias da mente e
do coração.
Muitas vezes colocamos nossos desejos, sonhos
e ambições no lugar de Deus. Colocamos também ideias, pensadores do passado,
sistemas doutrinários, e instituições humanas no lugar onde só caberia Deus -
lugar da plena confiança e infalibilidade.
A arte religiosa não é um pecado, nem a
decoração das igrejas um mal em si, pois o erro está na relação pecaminosa,
isto é, idolátrica para com o objeto artístico ou decorativo.
A pior idolatria é aquela que não se vê - a
idolatria da mente e do coração.
Por último aprendemos com os três primeiros
mandamentos o seguinte: “Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois
o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20. 7) – Isso nos
ensina o princípio da sinceridade. Não se refere principalmente às vezes que
dizemos: "meu Deus!" e outras semelhantes. Entende-lo assim seria
coloca-lo como regra e não como princípio.
Ele se refere às vezes que juramos e chamamos
Deus como avalista. Jesus explica seu sentido no Sermão do Monte: "Seja,
porém, a tua palavra: sim, sim; não, não" (Mateus 5. 37).
Algumas vezes ouvimos: "esta é a vontade
de Deus", ou: "Deus quer que façamos isto", para que os outros
concordem com as suas opiniões. Essa é a maneira mais contundente de se quebrar
o terceiro mandamento.
O amor é para o cristão o princípio de tudo,
é absoluto, pois a Palavra nos ensina que "Deus é amor" (1 João 4. 8).
Viver em amor a Deus e ao próximo é ter
comunhão com Deus.
Esta mensagem foi pregada no dia 10 de janeiro de 2001, no
Ponto de Pregação em São Cristovão. Baseada no texto de Êxodo 20. 1-7.