Tanto o Deísmo, que é uma postura filosófico-religiosa
que admite a existência de um Deus criador, mas rejeita a ideia de revelação
divina, como o racionalismo, rejeitam a ideia de um Deus pessoal e livre.
Portanto, ambas as filosofias não podem aceitar nenhuma interferência
sobrenatural. Da mesma forma age a crença panteísta. O Panteísmo é a crença de
que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente, ou que o
Universo (ou a Natureza) e Deus são a mesma coisa.
Mas crendo na existência de um Deus pessoal e
livre, podemos decidir a questão do milagre. Pois se Deus é o Criador do mundo,
ninguém pode negar-lhe o direito e o poder de intervir nele.
Dentre essas intervenções está a questão de
que Deus tomou medidas especiais para resgatar a obra de suas mãos e os objetos
do seu amor. Ele escolheu fazer isso do que abandonar a uma condenação sem fim
e sem remédio.
O maior de todos os milagres está na frase do
apóstolo João: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito...”
(João 3. 16). Se admitirmos esse amor, o milagre da redenção se apresenta como consequência
lógica desse fato. Caso contrário, se o sobrenatural desaparecesse da vida,
todas as aspirações do coração humano seriam enterradas no túmulo em que se
sepultasse o milagre.
Temos que levar em consideração que o mundo
não tem apenas uma causa primária, tem também uma causa final, e esta causa
final é a glória de Deus no destino bem-aventurado do homem. Se o homem tem de
ser salvo, só poderá ser pela intervenção do sobrenatural. Portanto, os milagres
são uma necessidade no plano da redenção e na causa final do mundo.
Os racionalistas diziam que os milagres são
uma violação da lei natural. Mas isso não é verdade, pois vejamos: a lei
natural continua operando durante a realização do milagre. O que acontece é que
uma lei sobrepuja a outra. Como por exemplo: se você segurar uma maçã em sua
mão, isso não cessará a lei da gravidade, apenas outro poder está impedindo a
maçã de cair. Outra razão é que a natureza está sujeita ao poder da vontade. A
vontade humana pode agir diretamente sobre o organismo e através desse, agir
sobre outras coisas.
Deus tem o controle da natureza, a lei
natural expressa a vontade do Criador. Não é a lei que governa o Criador, Ele é
quem governa.
Para concluirmos este estudo, quero lembrar
que em geral os milagres acompanham uma revelação ou um mensageiro de Deus. Em
geral os milagres ocorrem em épocas de grandes crises da vida moral do mundo,
como por exemplo, na libertação de Israel da escravidão do Egito, no conflito de
Elias com o paganismo e na manifestação de Jesus Cristo.
Eles também podem ocorrer com mais frequência
em uma era do que em outra dependendo de suas condições. Por exemplo, onde a
lei natural é suficiente, eles não devem ser esperados, da mesma forma onde a
revelação é suficiente.
Outra razão para que não se veja muitos
milagres é a incredulidade. Em Mateus 13. 58 está escrito: “E não fez ali
muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles”.
As Escrituras jamais afirmaram que tenha
passado a era dos milagres. Na verdade muitos milagres aconteceram depois dos
dias dos apóstolos. Teodoro de Mopsuestia que data de 439 A.D. chegou a
afirmar: “Muitos pagãos entre nós estão sendo curados pelos cristãos de toda a
espécie de enfermidades que possam padecer, tão abundante são os milagres em
nosso meio”.
Se negarmos os milagres, seremos obrigados a
crer em prodígios menos creditáveis. Porém, se Jesus Cristo é um ser divino,
então Ele mesmo é o maior milagre.