Para
que o homem possa se desenvolver psiquicamente, é preciso um sistema de regras
que são definidas pelo social. Isso o ajuda e lhe proporciona segurança e
bem-estar. Essas
regras são definidas em bom e ruim, em certo e erradas. Elas são impostas e
aceitas, pois são representações cobradas e solicitadas pelo outro, para se
viver de forma social.
Mas
elas acabam provocando dificuldades e diferenciações entre o “Eu” e o “todo”,
pois limitam o homem na busca por seus objetivos e conceitos. Elas impedem o
homem de realizar seus desejos mais profundos. E nessa ânsia de conquistar seus
desejos, o homem terá de romper com essas normas, estabelecer suas próprias
regras e determinar suas próprias responsabilidades. E ao fazer isso o homem
sentira insegurança e muito medo. Eis a causa de Adão de dito: “Respondeu-lhe o
homem: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me”
(Genesis 3. 10).
Porém,
o homem tem a necessidade de buscar a si mesmo, tem necessidade de estabelecer
sua identidade e entender seu comportamento. E nessa viagem de encontro a si
mesmo, o homem parte para uma batalha em direção ao rompimento e à quebra
dessas regras. Isso lhe causa uma sensação de rejeição e ele começa a se sentir
ameaçado, inseguro, possibilitando o surgimento daquilo que chamamos de culpa.
A
culpa sempre serve de indicador de um mau procedimento. E nesse momento será
preciso pessoas que o ajudem a entender o valor de seu ato. Sempre haverá
pessoas para julgá-la e recriminá-la. Pois o processo de reconhecimento sempre
requer a existência de outro, uma vez que o parâmetro para o certo e errado é
transmitido pelo outro.
Se
não houver quem aprove ou acolha o comportamento de uma pessoa, ela acabará se
sentindo culpada por comportamentos que muitas vezes ela não se permitiu
avaliar pessoalmente, no seu interior, se tal proceder é certo ou errado, se
ela apenas aceitar regras e julgamentos impostos.
Se
o objetivo maior é corresponder às expectativas do outro, quando essa
expectativa não é correspondida, surge grande medo. Surge o sentimento de
inadequação.
No
âmbito religioso, em se tratando do relacionamento com Deus, a oração é o único
veículo, ou meio, através do qual o homem reconhece os seus defeitos, suas
falhas, seus erros e pede a Deus o seu perdão.
Vejamos
o exemplo de Davi, quando ele orou, sentiu-se livre da culpa: “Bem-aventurado
aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o
homem a quem o Senhor não atribui a iniquidade, e em cujo espírito não há dolo”
(Salmos 32. 1, 2).
E qual
foi a razão pela qual Davi podia declarar sua benção e o seu perdão? A razão
está no versículo 5: “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade não
encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu
perdoaste a culpa do meu pecado”.
É
Maravilhosa Graça derramada sobre nós. Pois ao confessarmos nosso pecado a
Deus, Ele abre a porta do perdão, restaurando nosso relacionamento com Ele: “E
ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas
também pelos de todo o mundo” (1 João 2.2).