Existe uma frase de
um filosofo francês, criador da filosofia moderna e do racionalismo, chamado René
Descartes que diz: “Penso, logo existo”.
Para Descartes o
racionalismo privilegia o pensamento lógico como forma de explicar a verdade.
Para ele a razão humana é a capacidade exclusiva de conhecer e estabelecer a
verdade.
Para o homem que
estava recém-saído da Idade Média e estava ainda submetido à autoridade
intelectual eclesiástica, isso era algo novo. Uma doutrina a ser entendida.
Por outro lado,
pode ser que exista alguém que diga: “Sinto, logo sou espiritual”.
Como se pudéssemos avaliar
a espiritualidade de alguém simplesmente pelas emoções. A emoção tem sua função
inata na origem, elas são influenciadas pela experiência, e tem uma função
adaptativa. Quando falamos de emoção estamos falando de estados afetivos e
estados internos de uma pessoa, são desejos e necessidades que levam essa
pessoa em direção a um objetivo. Mas a emoção não dita o comportamento futuro
dessa pessoa, ela não tem a capacidade de conhecer e estabelecer a verdade.
Estou refletindo
sobre isso, pois ninguém quer um cristianismo frio, triste e intelectualizado.
No entanto, observo que muitos têm zelo pelo Evangelho, mas não tem o
conhecimento. Muito entusiasmo, porém sem esclarecimento.
Qual é o lugar da
mente na vida do cristão cheio do Espírito Santo? Ter fé implica em obedecer de
forma irracional?
Se nos entregarmos à
fé sem a reflexão, corremos o risco de nos tornar fanáticos, mas por outro
lado, se refletirmos sem a entrega, corremos o risco de nos paralisar e isso
nos impedir uma ação.
No caminho da fé é
preciso um equilíbrio. É como caminhar numa corda bamba tendo nas mãos uma vara
com um peso em cada extremo dela. De um lado a razão e do outro a emoção. Se um
dos lados pesar mais que o outro, se perde o equilíbrio. E assim ou você se
tornará um religioso observando um cerimonial aparente, ou se tornará um cético
adepto do culto árido do super-inteletualismo.
O caminho deve ser
equilibrado entre a razão e a sensibilidade, entre a mente e o coração. Assim
deve ser o caminho na vida o cristão: "Rogo-vos pois, irmãos, pela
compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Romanos 12. 1).
Com estas palavras
o apóstolo Paulo esta falando de uma viva devoção inflamada pelo fogo da
verdade.
São os pensamentos
humanos que ajudam na concretização de grandes ações. As idéias, as doutrinas
se apossam da mente, inflamam a imaginação e captam a devoção de seus
seguidores.
Na batalha de
idéias encontramos a verdade de Deus vencendo as mentiras dos homens.
Emoções não vencem
batalhas e sim aquela pessoa que tem um duplo dever: o de pensar e o de agir de
conformidade com o seu pensamento e conhecimento.