Podemos dizer que existe hoje um consenso que
nenhuma forma de doença provém da vontade de Deus. No entanto, não podemos
deixar de dizer que há um perigoso mal-entendido que precisa ser esclarecido.
Pois quando falamos de neuroses, estamos falando de coisas reais a que todo ser
humano está sujeito.
Neurose não é pecado!
Quando amamos a Deus e confiamos nele, isso não nos
capacita automaticamente a nos livrar de temores e neuroses. O que significa
que quando dizemos que nenhum cristão é neurótico, estamos fazendo uma
afirmação incorreta. Quando se faz essa afirmação podemos está ajudando até
mesmo agravar a neurose. Mas tenho certeza que uma grande fé é uma poderosa
defesa contra a neurose.
Na história do mundo encontramos muitas pessoas
talentosas que sofreram de grandes conflitos neuróticos, fazendo-as viver sobre
a tortura do sofrimento, fazendo-as infelizes e doentes.
Muitas vezes o sentimento de culpa é agravado nas
pessoas por causa da religião. O que faz aumentar o diagnóstico do que se chamam
manifestações emocionais mórbidas, que exigem tratamento psiquiátrico.
Sentimentos de culpa quando de origem inconsciente
estão sempre presentes nas doenças mentais, sendo esse sentimento de grande
importância nas causas e na formação dessas doenças.
“Ter uma fé religiosa
consciente e firme não cura necessariamente sintomas e sentimentos neuróticos
porque as causas destes estão profundamente enterradas no inconsciente, e
crenças conscientes não podem chegar até eles e corrigi-los. Quando estes problemas
inconscientes atingem o consciente, e ficamos sabendo o que nos atormenta em
nosso íntimo, então a fé religiosa será de grande proveito”.
Como diz o salmista: “A
culpa zomba dos insensatos; mas os retos têm o favor de Deus” (Provérbios
14.9), em outras palavras “Os tolos pecam e não se importam, mas os bons querem
ser perdoados”.
Isso significa dizer que,
assim como trocamos os móveis de nossa casa, precisamos reciclar nossa
estrutura psicológica.
Quando nascemos começamos
a formar uma história com componentes bons e maus. Tudo que recebemos desde a
infância tem uma contribuição para que possamos agir de forma saudável ou
doentia.
Muitas vezes a tendência
do ser humano é buscar um culpado no passado. Pois a culpa é um sentimento
desconfortável, e ele emerge toda vez que fazemos algo mal. E por isso, a culpa
tem um papel importante na felicidade do ser humano.
Quando nos descortinamos
da vergonha e confessamos nossa culpa, podemos nos tornar uma pessoa
maravilhosa, a verdadeira imagem de Deus, que Ele criou em nós.
Assim como Davi, enquanto
esteve calado, sem confessar suas angústias, suas aflições, aquilo que o
machucava por dentro, ele se cansava, dia e noite seus ossos doíam, e ele
chorava muito.
Foi quando descobriu a
graça de falar, de confessar, que ele pôde sentir o alívio em sua alma.
Existem três aspectos
sobre da verdadeira culpa, são eles: A culpa
em relação a nós mesmo, que esta vinculada com aquela sensação de que as
conseqüências do estado em que nos encontramos foram causadas por nós mesmo (Salmos
51, Salmos 32:3-5); em segundo está a culpa
em relação aos outros, esta culpa atinge o outro, onde há, portanto um
referencial de relacionamento. Uma pessoa se sente culpada pela situação que
uma outra pessoa esta atravessando (Gênesis 42.21). Algo atingiu a outra pessoa
e muitas vezes, necessita ser reparado (Mateus 5 :23-24). Em terceiro, temos a culpa em relação a Deus, que pode ser
a soma dos tipos de culpa anteriores, juntamente com a sensação de que as
atitudes não foram feitas de acordo com a vontade de Deus (2 Crônicas 28:13;
salmos 51:4).
A culpa é esse sentimento
desconfortável que vem a tona quando nos comportamos mal, portanto está ligado
diretamente aquilo que fazemos.
Sendo assim, encontramos
duas formas básicas de culpa, a primeira baseada no amor e a segunda, baseada
no medo.
A primeira nos faz sentir
mal, e nos leva a não querer seguir no erro, ela nos leva ao arrependimento. A
segunda também nos faz sentir mal, mas ao contrário da primeira, não por causa
do arrependimento e sim pelo temor de sermos punidos. Esse tipo de culpa dificilmente
pode ser bem aproveitada.
Como diz o apostolo Paulo:
“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, o qual
não traz pesar; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Coríntios 7. 10).
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