Como é típico do outono, o ar estava frio e seco.
Ela esfregou os olhos antes de prosseguir. Já estava
por muito tempo sozinha. Ainda não havia conversado com ninguém sobre isso.
Talvez essa seja a história mais velha no mundo. Alguém
com dois anos a mais do que o outro. Alguém que sabe exatamente como é o outro,
pois convivem desde pequenos, frequentando a mesma igreja. Dois seres que
começam a namorar. Uma paixão envolvente, ardente. Ele, um rapaz popular,
extrovertido. Ela uma jovem tímida, romântica, que se deixou levar com a
fantasia daquilo tudo. Fazendo vista grossa para alguns problemas óbvios,
inventando desculpas para outros. Alguém que de repente descobre que está
grávida. Alguém sem a menor idéia do que é ser mãe, quanto mais sobre ser mãe
solteira. Alguém que não sabe como vai se virar. Alguém que se sente perdida.
Essa é a realidade de muitas jovens no Brasil que de
uma forma ou de outra se deixaram levar pela conversa, pelo encanto, pela
emoção apaixonadamente.
Jovens que deixaram de viver suas vidas, deixaram de
realizar seus sonhos.
Às vezes isso assusta um pouco, a idéia de ter um
filho. Há a preocupação de não ser um uma boa mãe. Há a incerteza de que o pai
irá participar na vida e na criação do filho. Há ainda a incerteza de que ele
irá de forma digna e moral assumir a paternidade. De que irá formar um par
junto com ela.
Jovens que sofrem a discriminação silenciosa pelo
seu ato, por palavras que não são ditas, mas, que através de atitudes revelam
aquilo que se esconde na alma do outro.
Reflexo de uma sociedade que cria circunstâncias,
mas incapaz de encarar suas conseqüências.
Atitudes de almas mesquinhas, malevolosamente hostis
com os frutos daquilo que elas próprias criaram através de leis e mandamentos.
Mas incapazes de se compadecer com a fragilidade daqueles que não são fortes o
suficiente para enfrentar de frente essas circunstâncias e encontrarem forças
para dizer: NÃO!
Na Bíblia encontramos uma mulher pega num ato de
adultério. Ela foi levada para ser julgada na praça diante de todos, inclusive
de Jesus.
As leis tinham suas regras, a cultura tinha suas
regras, a natureza humana tinha suas regras. E é possível que muitos que haviam
se utilizado do corpo daquela mulher agora estivesse ali para apedrejá-la.
Mas as atitudes de Jesus sempre estiveram acima de
tudo isso. Assim Ele foi capaz de mostrar através da consciência dos
acusadores, que eles próprios eram culpados. Não apenas aquela mulher que
estava sendo acusada. No fim Jesus olha para a mulher, depois que todos já
haviam ido embora, “E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques
mais” (João 8. 11).
A descoberta de que Deus compreende a natureza
humana e é capaz de perdoar os pecados, tira um fardo enorme das costas de quem
carrega a culpa, e não vê uma possibilidade de sair dela diante tanto moralismo
hipócrita que existe dentro da sociedade.
Somente quando se descobre que: “Portanto, agora
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8. 1), é que
se pode encontrar a verdadeira liberdade da alma.
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