Recordo-me de uma pergunta que um aluno me fez certa vez. Ele perguntou:
“Porque surgem as neuroses?”
Mesmo estando dentro de uma igreja, sendo membro fiel, participando
semanalmente dos cultos, ainda há a possibilidade desse membro se tornar um
neurótico. Afinal de contas, quem de nós não é?
Isso acontece porque no fundo de nós mesmos, nos sentimos só, isolados,
inseguros, e constantemente amedrontados com a possibilidade de perder aquilo
que é o objeto de nosso amor. É quando se instala a ansiedade.
As neuroses são quadros patológicos de origem psíquica. Estão muitas
vezes ligadas a situações do dia-a-dia do indivíduo, situações externas que
podem provocar transtornos na área mental, física e até mesmo da personalidade.
Na visão da psicanálise, as neuroses são fruto de tentativas ineficazes
de lidar com conflitos e traumas inconscientes.
A diferença de uma reação normal para uma reação neurótica é a
intensidade do comportamento e a incapacidade do indivíduo de resolver seus
conflitos, sejam eles internos ou externos, de uma maneira satisfatória.
Um exemplo que eu me lembro ter dado foi o seguinte: “Uma jovem que
dentro de sua casa tem problemas relacionais com seu pai, ela o odeia por ele
não deixar que ela saia com um amigo de escola, e esse sentimento faz com que
muitas vezes ela deseje que seu pai morra. Por outro lado ele é seu pai, e ela
o ama, pois é por ele que ela existe e todas as coisas que ela possui vieram
por intermédio dele”. Uma relação de amor e ódio. De prazer e dor. O mesmo
objeto que lhe dá prazer a faz sofrer.
A sensação de abandono e incompreensão é grande para essas pessoas que
não conseguem encontrar dentro da normalidade uma maneira de resolver os seus
conflitos: “A despeito de tudo e abandonado por Deus quando estou
doente, uma das piores coisas que somos obrigados a enfrentar nessa doença é o
isolamento e o desespero. É como se ninguém nos compreendesse”.
Dentro da experiência com
o cristianismo, se descobre que viver unido com Jesus é o oposto de se sentir
isolado. E nessa experiência, aquele sentimento que a neurose trás, de que
todas as boas relações foram rompidas e a ansiedade de separação e de perda dos
objetos nos invade, o relacionamento com Cristo nos ajuda a entender que Ele está
ao nosso lado para nos ajudar a escapar de um mundo escuro e vazio. “Todo o que
o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”
(João 6. 37).
Esse mundo escuro e vazio
é um mundo constituído da persistência das experiências de medo da infância,
numa parte inconsciente de nossa mente. E esses medos e sentimentos quando
trazidos ao consciente, ajudará nas transformações que serão capazes de
libertar nossa capacidade de se relacionar com pessoas de uma forma mais
favorável. “Torno a trazer isso à mente, portanto tenho esperança” (Lamentações
de Jeremias 3. 21).
Essa libertação que sai do inconsciente e vem
para o consciente, ajudará também no relacionamento com Deus, pois serão
relacionamentos baseados no amor e na confiança: “e conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará” (João 8. 32).
O cristianismo é uma
relação que dá segurança. Pois existe uma pessoa infinita, eterna, imutável,
cujo amor, portanto não está sujeito às mudanças e fracassos que afligem o amor
humano. Bem diferente da neurose que é a vida baseada no medo.
Todo medo e mesmo os
sintomas neuróticos que temos consciências deles, se manifestam a partir dos
medos profundos que estão em nosso inconsciente.
O Cristianismo é o oposto
da neurose.
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