Somos seres humanos, com uma personalidade
organizada de forma mais ou menos estável. Contudo, não está inacessível aos
ataques. Sofre contínuos ataques e algumas vezes desorganizam-se.
Como
diz Landin: “Dificilmente passa um dia sem que ocorram numerosos conflitos e
frustrações, alguns graves, outros triviais. Aprendemos a lutar contra eles por
meio de várias técnicas sobrepujando a dificuldade, esquivando-a, atacando-a
indiretamente ou desenvolvendo contra ela algum tipo de reação defensiva”.
Toda
vez que vivemos um fracasso, sofremos uma frustração, passamos por um conflito,
temos diante de nós uma ameaça à integridade de nossa personalidade. Quando
isso acontece criamos mecanismos para protegê-la. São os mecanismos de
ajustamento. Aquilo que nos ajuda a passar pelo momento de crise, de trauma, de
desilusão.
Quando
empregamos esses mecanismos excessivamente, eles podem deixar traços
neuróticos. Quando empregados normalmente são salutares.
Fato é que existem batalhas que são internas.
Essas batalhas são travadas não no corpo, mas na alma. Elas não ferem o corpo,
e sim a alma.
São nossos sentimentos, nossas emoções que
são colocadas em cheque.
Muitas vezes são as carências da alma a
motivação para o desequilíbrio interior. “Por isso, nos momentos de angústia,
todos os que são fiéis a Ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de
sofrimento vierem, não chegarão até eles” (Salmos 32: 6).
Em outras ocasiões é o sentimento de culpa
que pode determinar a forma do indivíduo se colocar no mundo.
No desenvolvimento de nossa mente, nossa
psique, vivemos um conjunto de regras definidas pelo social. São regras que nos
proporcionam segurança e bem-estar. Regras que definem o que é bom e o que é
ruim, certo ou errado.
As coisas nos são impostas e aceitas baseadas
na representação que o outro nos apresenta, através de suas cobranças e
solicitações.
Essa situação acaba provocando dificuldades. Confunde-se a questão:
"quem é o indivíduo e quem é a pessoa"? Ou também, "O que fazer
quando aquele que é o nosso objeto de alegria e amor é também o que nos trás
tristeza e dor"?
Toda essa sensação causa muita dor, e a
maneira como a pessoa lidará com isso é que vai determinar como se colocará no
mundo, ou seja, que atitudes apresentará diante de situações da vida. É nesse
momento que se podem desenvolver comportamentos variados como insegurança ou
segurança, coragem ou covardia. Tudo isso pode tornar-se uma dor física ou até
mesmo doenças que não tão raro se manifestam por conta de medos, raiva e da
culpa como, por exemplo, gastrite, enxaquecas e dores musculares: “De dia e de
noite Tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno
que seca no calor do verão” (Salmos 32.
4).
Davi quando se sentiu mal, quando sentiu sua
alma sendo maltratada, quando a batalha dentro de si, escondida no mais fundo
de seu ser, fez com que ele se calasse diante tanta culpa daquilo que ele havia
cometido, pode experimentar tal realidade.
O pecado não somente nos desvia de Deus, mas
também nos aprisiona. Ele é mais do que um ato exterior ou um hábito. É uma
condição interna e profunda.
Para tentar nos livrar dessa culpa, temos um
“eu” reprimido e com bastante dificuldade de identificação por si mesmo.
Toda essa situação é vista com muita frequência
no dia-a-dia. São pessoas que não se permitem ter vida própria.
Jesus diz que todos nós estamos sujeitos a
sofrer por causa de nossas feridas interiores quando não tratadas: “Não, eu vos
digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lucas
13: 5).
A questão é que o perecer não se trata de
nossa vida presente. Embora tenhamos consequências nessa vida também, mas Jesus
fala de uma vida futura.
Quando não permitimos que nossas batalhas
interiores sejam tratadas pelo médico dos médicos, corremos o risco de perder
não somente a estabilidade e desorganização de nossa personalidade como também,
o destino de nosso espírito.