Vivemos em um mundo
que nos condicionou a acharmos difícil levar a sério o mandamento de Jesus a
que “voltemos a face” (Mateus 5.39). Oferecer a outra face foi proferido por
Jesus durante o Sermão da Montanha, trata-se de responder a um agressor sem o
uso da violência.
As pessoas a quem Ele
falava já conheciam as Escrituras, pois Ele disse: “Ouvistes que se disse:
‘Olho por olho e dente por dente.’” (Mateus 5:38). Mas o que isso significava
para aquele tempo e o que significa para nós hoje? Será que é um aconselhamento
para que os cristãos sejam vítimas passivas? Será um ensinamento para que o cristão
sofra em silêncio e se recuse a recorrer à justiça?
Estamos condicionados
a responder agressivamente à violência física e verbal. Mas a pacificação não é
um mandamento opcional. Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Se for possível,
quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Romanos 12. 18). Isso
nos mostra que a pacificação é uma exigência básica da nossa fé.
Nos tempos do Antigo
Testamento, a punição “olho por olho” era aplicada somente após o infrator ser
julgado pelos sacerdotes e juízes. Eram eles que avaliavam as circunstâncias, levando
em consideração até ao ponto em que se soubesse que a inflação tinha sido
intencional. Podemos encontrar essa questão nos textos de Êxodo 21. 24,
Levítico 24. 20 e Deuteronômio 19. 15-21.
Segundo Adam Clarke,
um erudito bíblico do século 19, os judeus parecem ter distorcido essa
aplicação da lei para “justificar ressentimentos pessoais e todos os excessos
motivados por vingança. Atos de vingança eram levados a extremos e acabavam
sendo mais severos do que o erro cometido”.
Porém as Escrituras
não aprovam vinganças pessoais. Para os primeiros cristãos que viveram com
perseguição e escárnio não foi fácil. Todavia, eles deram um testemunho eficaz
de paz contra a violência de Roma.
Quando Jesus menciona
sobre “oferecer a outra face”, tem mais a ver com o verdadeiro sentido da lei
de Deus dada aos Israelitas do que seus discípulos terem de oferecer o outro
lado. Nos tempos bíblicos um tapa não tinha a intenção de machucar, era sim um
insulto para provocar uma briga. Portanto, o que Jesus está ensinando é que se
alguém quiser provocar uma briga com um tapa, ou com algum tipo de sarcasmo, a
pessoa esbofeteada não deve revidar. Evitando pagar o mal com o mal (Romanos
12. 17).
Devemos pedir ajuda a
Deus em oração, para aprendermos a não responder a violência com a mesma
violência. Pedir a Ele para nos dar a vontade de sermos pacificadores e a
sabedoria para saber reagir a situações que poderiam levar a violência.
Augusto Cury escreve:
“Dar a outra face é um símbolo de maturidade e força interior. Não se refere à
face física, mas à psíquica. Dar a outra face é procurar fazer o bem para quem
nos decepciona, é ter elegância para elogiar quem nos difama, altruísmo para
ser gentil com quem nos aborrece. É sair silenciosamente e sem estardalhaço da
linha de fogo dos que nos agridem. Dar a outra face previne homicídios,
traumas, cicatrizes impagáveis. Os fracos se vingam, os fortes se protegem”.
Deus deseja que
sejamos embaixadores pela paz onde quer que vamos.